Você se lembra das aulas de química do colégio? E da tabela periódica?

 

Quando aprendemos estes conceitos, compreendemos também que os elementos químicos ali presentes possuem carga elétrica, e muitos destes elementos são nutrientes como cálcio, selênio, cloro, cromo, ferro entre outros. Por meio de reações orgânicas que acontecem em nosso organismo, o oxigênio e outros elementos sofrem reações dando origem ao que conhecemos como radicais livres. De maneira simples, o termo radical livre refere-se a átomo ou molécula que contêm número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica, tornando-se altamente reativo.

 

A elevada reatividade aumenta a afinidade deste radical livre (também chamado de espécie reativa de oxigênio – ERO), por vários elementos orgânicos aos quais ele pode se ligar sem maiores danos já que o nosso corpo está preparado para conter este processo. Temos, endogenamente e de forma natural, a produção de enzimas que estão na linha de frente deste combate, algumas já são bem conhecidas e estudadas como a superóxido desmutase, catalases e glutationa peroxidases que neutralizam a ação dos radicais livres impedindo maiores danos.

 

Em situações como excesso de exercícios físicos de grande intensidade e duração, excessiva exposição ao sol, fumo, inflamações, poluição ambiental, contato com resíduos de pesticidas entre outros, raio-X e estresse, o aumento na produção de moléculas de elevada reatividade pode acontecer e caso ocorra uma sobrecarga deste sistema antioxidante, certamente acontecerão danos maiores como o envelhecimento precoce celular, doenças neurodegenerativas, câncer, aterosclerose, síndrome demencial, disfunção renal pós-transplante, artrite reumatoide, hemocromatose, doenças autoimunes, entre outros.

 

Como dito anteriormente, alguns elementos orgânicos (as enzimas), conseguem combater a ação destas espécies reativas de hidrogênio, mas contamos também com a ajuda de muitos nutrientes que consegue modular a sua função, perfazendo uma via de proteção altamente efetiva.

 

FLAVONOIDES: Pertencente ao grupo de compostos vegetais amplamente encontrados no reino vegetal e nas folhas frescas. Ao olharmos especificamente para as antocianinas – que tem maior efetividade – temos como principais alimentos fonte deste princípio ativo o frango, frutas como açaí, morango, amora, uva, ameixa, maçã e vegetais como repolho e batata roxa.

 

VITAMINA E: Além de possuir propriedades de captura de radicais, quando ocorre na forma de alfa-tocoferol, esta vitamina pode agir como um potente redutor, evitando a oxidação das lipoproteínas LDL – Col pelas espécies reativas de oxigênio prevenindo doenças coronarianas; desempenha ainda papel de proteção estrutural de nossas células e na regulação da expressão de nossos genes. Mecanismos alternativos envolvendo efeitos anti-inflamatórios e na sinalização de comandos nervosos têm sido o foco de investigações intensas quando o assunto é a vitamina E. A vitamina E é um nutriente essencial e, portanto, deve ser obtido por alimentos, e as suas maiores fontes alimentares são os óleos vegetais, oleaginosas e gérmen de trigo.

 

VITAMINA C: Esta vitamina é absorvida rapidamente e tem como principal função intermediar numerosas reações que requerem cobre e ferro com a mesma função antioxidante para combater os efeitos deletérios das espécies reativas. Participa ainda da biossíntese do colágeno, da carnitina e de hormônios/aminoácidos. O ácido ascórbico também participa da síntese e modulação de alguns componentes hormonais do sistema nervoso, como a dopamina e noradrenalina. As fontes alimentares desta vitamina são as frutas cítricas como: acerola, caju, goiana, laranja, morango, kiwi e os vegetais como brócolis, repolho, couve, agrião, rúcula, preferencialmente crus e frescos.

 

Viu só? O nosso corpo foi programado para neutralizar situações de estresse oxidativo estabelecidas pelas Eros e uma vez compreendida a existência de um mecanismo endógeno protetor, bem como os seus principais agentes, vale refletir sobre a real necessidade de utilizar suplementos nutricionais, muitas vezes com doses acima do de ingestão recomendada.

 

Será que são verdadeiramente necessários ou será que com uma alimentação equilibrada, rica e reduzindo a nossa exposição aos inúmeros fatores que aumentam a formação dos radicais livres, não conseguiremos virar este jogo? Algumas literaturas científicas já demonstram que ao consumirmos suplementos sem critério por vezes podemos sobrecarregar este sistema produzindo mais espécies reativas de oxigênio e piorar a situação. Para fazer esta avaliação criteriosa é importante não fazer uso de suplementos nutricionais, multivitamínicos e similares sem acompanhamento ou critério; procure um nutricionista que avalie a sua real condição nutricional associada ao seu consumo regular de alimentos nutrientes e que tenha formação e estudo suficientes para ponderar se pela alimentação você já não conseguirá atingir o equilíbrio. Se houver a necessidade de uma suplementação nutricional, este profissional poderá então individualizar uma dose que reflita as suas reais necessidades, atuando na prevenção e em uma atividade adequada de seu organismo. O que sabemos é que uma alimentação rica em frutas, verduras, legumes sempre frescos, dentro da sazonalidade e preferencialmente orgânicos, além de óleos essenciais tem o poder de garantir um sistema antioxidante bastante eficiente e que trará saúde e bem-estar fisiológico.

 

Fonte: Paola Machado/UOL

(https://paolamachado.blogosfera.uol.com.br/2020/04/20/como-uma-alimentacao-saudavel-ajuda-o-seu-sistema-antioxidante/)